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ShareFest POA 2015: O impacto dos modelos de planejamento na relação das pessoas com a cidade

Atividades se estenderam ao longo de todo o domingo (25), reunindo centenas de pessoas no Vila Flores (acima) e na Casa de Pandora, em Porto Alegre (Foto: Sheila Uberti – ShareFest Porto Alegre/Flickr)

A colaboração e o trabalho em rede são agentes capazes de transformar a maneira como nos relacionamos com as cidades. Esse foi o centro da discussão no diálogo Cidade para quem?, que reuniu painelistas com diferentes experiências para um debate plural sobre a relação das pessoas com suas cidades, sob enfoque do desenvolvimento urbano sustentável. A conversa aconteceu no ultimo domingo (25), quando Porto Alegre recebeu o ShareFest POA 2015. O festival teve uma programação construída para mostrar o potencial transformador de experiências colaborativas e debater temáticas como consumo consciente, cidadania e compartilhamento.

Henrique Evers, Coordenador de Projetos de Desenvolvimento Urbano do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, participou do encontro, que também contou com as presenças de Katia Suman, do coletivo Cais Mauá de Todos; Milton Cruz, do Observatório das Metrópoles; e Rodrigo Corradi, Coordenador da Gerência de Relações Internacionais da Prefeitura de Porto Alegre. Seguindo o formato de uma conversa, os participantes iniciaram o debate e, na sequência, abriam espaço para as contribuições do público.

Uma vez que as áreas urbanas já acomodam mais de metade da população em todo o mundo, faz-se necessária a reflexão sobre a maneira como as cidades crescem e como garantir infraestrutura para acomodar um contingente populacional crescente. Henrique convidou os presentes a pensar sobre o papel da população no desenvolvimento de modelos de cidades mais sustentáveis: “A forma como os espaços urbanos são pensados e usados tem impacto no meio ambiente e no consumo, além de influenciar diretamente a qualidade de vida das pessoas”, analisou. “O importante é ter uma visão clara do modelo de cidade que queremos para depois se pensar e discutir projetos, mas muitas vezes fazemos o caminho inverso. O projeto é apresentado antes”, completou o especialista.

Participantes durante a roda de conversa (Foto: ShareFest Porto Alegre 2015/Reprodução)

Katia Suman complementou a discussão enfatizando a importância da priorização um modelo de desenvolvimento voltado para as pessoas e que priorize a qualificação dos espaços urbanos: “Os espaços públicos não moldam só as cidades, moldam também as pessoas. Estamos perdendo o exercício da democracia, de conviver com o diferente; por isso os espaços públicos são tão importantes”.

Os diferentes modelos de cidade e formas de interação com o espaço urbano interferem na dinâmica e no dia a dia dentro dessas cidades. Essa foi a perspectiva trazida por Milton Cruz. O painelista ressaltou que os projetos urbanos devem buscar valorizar as potencialidades da cidade e os desejos da população: “A forma como se constrói a cidade dá a ideia de que somos amigos da cidade ou dá a ideia contrária, criando barreiras na forma que nos relacionamos com ela” “As cidades podem ser um lugar de convívio e lazer e não apenas trabalho”.

Porém, para implementar projetos que estimulem o desenvolvimento sustentável, é fundamental que os municípios tenham espaço na discussão sobre o financiamento desses projetos. Na concepção de Rodrigo Corradi, as discussões globais precisam incluir também as cidades, além dos governos federais: “Quando o financiamento do desenvolvimento é debatido de forma alheia ao município, que é o canal direto com a comunidade, as cidades podem não conseguir tomar parte em ações que gerem impactos positivos para as próximas gerações”, apontou.

Henrique acrescentou ainda que o desenvolvimento das cidades deve ser pensado na escala humana e apresentou o modelo de Desenvolvimento orientado ao Transporte Sustentável (DOTS), que prioriza cidades coordenadas, compactas e conectadas, reforçando a importância da participação social: “O coordenado está diretamente ligado à governança e à inclusão de diferentes grupos no processo de planejamento da cidade. É preciso pensar além do local, uma vez que o desenvolvimento das cidades têm impacto direto em problemas globais”.

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