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Transformando a realidade a partir da mobilidade corporativa

O plano de mobilidade corporativa da Microsoft aumentou em 85% o número de funcionários adeptos das opções sustentáveis de transporte. Na foto, Jeff Aumell, Gerente de Transportes, em um dos ônibus da empresa (Foto: Divulgação)

A tarefa de melhorar a mobilidade vai além do poder do público: é de cada um de nós e passa também pelas empresas. Responsáveis pelos deslocamentos diários de milhares de pessoas, as organizações têm o potencial de transformar a mobilidade nos centros urbanos ao promover mudanças no padrão de deslocamento de seus funcionários. A mobilidade corporativa é dedicada a medidas que podem ser aplicadas em âmbito empresarial para racionalizar o uso do automóvel e estimular opções mais sustentáveis de transporte.

Prova do sucesso dessas estratégias é a Microsoft. Com 65 mil funcionários – uma equipe maior em número do que a população de muitas cidades –, a empresa desenvolveu e aplicou uma série de medidas de gestão de demanda de viagens e mudou radicalmente o modo como as pessoas se dirigem ao local de trabalho.

Jeff Aumell, Gerente de Transportes da companhia há dez anos, participou do Seminário de Mobilidade Corporativa em São Paulo e conversou com a equipe do TheCityFix Brasil sobre o plano de mobilidade corporativa da empresa. Ao longo de sua gestão, Jeff conseguiu reduzir o número de funcionários que dirigiam sozinhos para o trabalho de 75% para 58%: “Um dos indicadores que usamos para medir o nosso sucesso é esse, o índice de veículos com apenas um ocupante. Para nos considerarmos bem-sucedidos em termos de mobilidade, esse índice necessariamente tem de ser menor que 60%”.

Uma das frentes de atuação para diminuir a parcela de pessoas que se deslocavam sozinhas foi a implementação de um programa de caronas. Na Microsoft, quem oferece carona aos colegas conta com três mil vagas exclusivas nos estacionamentos, vantagem que já atraiu 2.700 “caroneiros”. “Nosso programa de caronas é um dos maiores sucessos entre as medidas que implementamos. Além dos benefícios mais óbvios, como a redução do número de carros, a medida aproxima as pessoas, que embora trabalhem na mesma empresa às vezes não se conhecem”, contou Jeff, que possui 20 anos de experiência em mobilidade corporativa.

Jeff durante o seminário em São Paulo (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

As medidas de gestão de demanda de viagens têm influência direta no bem-estar dos funcionários, uma vez que contribuem para reduzir o tempo perdido no trânsito e o estresse com os deslocamentos diários. E elas podem – e devem – incluir políticas de incentivo em todos os modais. Com o plano de mobilidade corporativa, a equipe da Microsoft viu subir de 25% para 42% a implementação de opções sustentáveis de transporte para o deslocamento casa-trabalho, como bicicletas, ônibus, caronas, caminhada, vans e a alternativa do teletrabalho. O investimento deu certo, e o número de funcionários adeptos a essas alternativas registrou um aumento de 85%.

“O trabalho de mobilidade na Microsoft consiste em criar as condições para a mudança de hábito dos funcionários. É preciso oferecer benefícios e privilégios para quem opta pelo transporte sustentável e mostrar que essa atitude é reconhecida pela empresa”, destacou Jeff. Por isso, junto ao programa de caronas, há incentivos à bicicleta e ao transporte coletivo. Ciclistas são beneficiados por bicicletários com armários para guardar capacetes e demais acessórios, vestiários com chuveiros e toalhas disponíveis, lojas de peças e materiais, além de um veículo com capacidade para 16 bicicletas que ajuda no transporte quando necessário. Os funcionários também têm à disposição 76 connectors – ônibus exclusivos que atendem mais de 6 mil pessoas em 22 rotas, realizando 210 viagens diárias – e 280 vans que atendem 1.670 pessoas.

Campus da Microsoft: áreas verdes e espaços para as pessoas (Foto: camknows/Flickr)

(Foto: camknows/Flickr)

O custo do investimento em tantas mudanças é alto, mas Jeff garante: o saldo é positivo: “Considerando a relação custo-benefício, a empresa sai ganhando. Não queremos construir mais garagens. Queremos, sim, cada vez mais bicicletários, espaços para as pessoas. São medidas que só trazem benefícios – para a qualidade de vida dos funcionários, para a produtividade e para o meio ambiente”. Para o futuro, entre outros projetos, a Microsoft planeja criar o próprio programa de compartilhamento de bicicletas. “A ideia é não parar, não acreditar que “agora está bom”. Queremos continuar criando e implementando novos programas para qualificar ainda mais a mobilidade, porque sabemos que essas mudanças são positivas e que estamos no caminho certo”, finalizou Jeff.

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