Em 2009, pela primeira vez na história o índice de população urbana ultrapassou o da rural, e hoje 54% das pessoas em todo o mundo vivem em cidades. Essas estatísticas, já familiares para muitos, revelam questões importantes a respeito do futuro das áreas urbanas. Nós ainda teremos de construir 75% da infraestrutura urbana que será necessária em 2050, quando 70% da população mundial estará vivendo nas cidades. Temos hoje, portanto, a oportunidade de repensar os padrões de desenvolvimento, crescimento e ocupação das cidades.
Uma das questões com a qual teremos de lidar no futuro – e que já começamos a enfrentar nos dias de hoje – diz respeito à densidade das áreas urbanas. O modelo de planejamento proposto pelo DOTS, por exemplo, versa sobre a construção de comunidades mais densas e compactas, onde as pessoas possam se deslocar facilmente sem a necessidade de usar um carro para isso.
A fim de avaliar os benefícios que a densidade pode trazer aos ambientes urbanos, o Urban Land Institute (ULI), organização de pesquisa sem fins lucrativos fundada em Chicago em 1936, publicou recentemente um relatório que analisa a densidade sob diferentes aspectos. Intitulado Density: Drivers, Dividends and Debates, o documento examina como a questão da densidade populacional nas cidades tem sido tratada em diferentes partes do mundo e o que é possível aprender com esses modelos a fim de transmiti-los a uma nova geração de cidades globais.
A densidade é definida pela relação entre determinada área física e a quantidade de pessoas que vivem ou fazem algum uso desse espaço. A partir dessa relação, diferentes padrões de densidade podem ser identificados em diferentes cidades.

Diagramas esquemáticos da densidade populacional na Cidade do México, em Joanesburgo e Londres (Fonte: Density: Drivers, Dividents and Debates/Reprodução)
Enquanto na Cidade do México a maior densidade aparece concentrada na área central, no caso de Joanesburgo temos uma cidade policêntrica, com as maiores concentrações distribuídas em áreas diferentes. Esses padrões, conforme mostrado pelo relatório, resultam de uma série de variáveis – aspectos geográficos, históricos, culturais, econômicos e políticos – e mudam de uma cidade para outra.
Não existe, no que diz respeito à densidade, um modelo único, possível de ser aplicado de forma alheia ao contexto em que estiver inserido. O que o documento do ULI aponta são os aspectos positivos e negativos que podem tornar a densidade benéfica ou não para as cidades. Na tabela abaixo, esses fatores aparecem elencados, indicando, por exemplo, que uso misto do solo, infraestrutura urbana de qualidade, acesso ao transporte coletivo e um bom trabalho de design urbano são elementos que contribuem para que a densidade gere impactos positivos nas áreas urbanas.
O documento, em suma, apresenta um compilado de dados e informações úteis tanto para tomadores de decisão e planejadores quanto para o público leigo. Trata-se de um conceito importante não apenas para o gerenciamento das cidades em si, mas para que seja feito de maneira social e economicamente sustentável. Se acompanhada por um processo de planejamento efetivo, a densidade pode beneficiar as cidades, na medida em que contribui para criar comunidades urbanas mais conectadas, dinâmicas e sustentáveis.
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