Ações climáticas inteligentes, como investimentos em transporte público e eficiência energética, poderiam gerar 17 trilhões de dólares em economia para cidades até 2050, além de cessar emissões anuais em gases de efeito estufa de forma equivalente às emissões anuais do Japão e Rússia juntos. Além disso, com políticas de subsídio aos combustíveis fósseis e suporte adicional para a inovação de baixo carbono, as cidades poderiam economizar até 22 trilhões de dólares.
O que é ainda mais impressionante é que essas estimativas são conservadoras, pois não levam em conta os enormes custos em investimento que serão evitados em decorrência do desenvolvimento inteligente.
Esta é a descoberta chave de um novo relatório chamado “Aproveitando a Oportunidade: Parcerias para Melhor Crescimento e Melhor Clima” (em tradução livre), divulgado hoje pela Comissão Global para Economia e Clima – um grupo de líderes de governos, negócios e finanças.
Investimentos de baixo carbono economicamente atrativos, baseados na eficiência energética, líderes das cidades de todo o mundo poderiam obter entre 15% e 20% da redução de emissões, necessários para direcionar o mundo a um caminho seguro.
Enquanto o relatório aponta que muitas cidades pelo mundo já demonstram liderança, ainda resta a muitas outras perceber o potencial das oportunidades de baixo carbono que já estão disponíveis e desenvolver parcerias globais para ir adiante e mais rápido.
O poder das parcerias
Somente cerca de 20% das 150 maiores cidades do mundo dispõem de análises básicas para o planejamento de baixo carbono, e muito poucas criaram metas de longo prazo. Este é um desafio para manter uma redução de emissões ao longo do tempo.
Colaboração é a chave para o sucesso. Pesquisa mostra que cidades com abordagens colaborativas têm duas vezes mais ações de baixo carbono em relação às que implementam projetos sozinhas.
Felizmente, as cidades já estão se unindo através de organizações como o C40 Climate Leadership Groud e o ICLEI (Local Governments for Sustainability) para compartilhar conhecimento, unir capacidade, lidar com as lacunas em financiamento e intensificar a ação. Da mesma forma, com 80 cidades-membro, o Compacto de Prefeitos é o maior esforço cooperativo entre prefeitos e gestores públicos trabalhando pela redução de gases de efeito estufa e pelo progresso.
Uma estratégia para financiar soluções globais
Porém, ainda mais poderia ser feito.
Isso é especialmente importante para cidades no mundo em desenvolvimento, que enfrentam falta de capacidade, financiamento e outras barreiras para intensificar a ação. Governos nacionais e estaduais e organizações internacionais precisam trabalhar juntos para superar as barreiras pela ação e liberar mecanismos de financiamento necessários para o crescimento urbano mais inteligente.
Atores como agências de desenvolvimento, redes de cidades e organizações, e os bancos de desenvolvimento devem contribuir para intensificar os esforços através de um pacote integrado de US$1 bi ou mais ao longo de cinco anos. Um pacote como esse pode ajudar pelo menos as 500 maiores cidades do mundo a desenvolver e implementar estratégias de desenvolvimento de baixo carbono até 2020, utilizando a estrutura do Compacto de Prefeitos quando possível. Isso poderia mobilizar diretamente entre 5 a 10 bilhões de dólares de fundos do setor privado e alavancar muito mais com o tempo.
Uma forma de fazer isso é desenvolver estratégias de urbanização com orçamentos atribuídos à infraestrutura urbana mais inteligente. Governos nacionais podem criar canais para cidades com estratégias de baixo carbono e sistemas de governança responsáveis pelo engajamento direto com essas organizações e fontes de financiamento.
De acordo com o Banco Mundial, apenas 4% das 500 maiores cidades em países em desenvolvimento são consideradas dignas de crédito nos mercados financeiros globais, principalmente devido à dependência de bases de receitas fracas e estreitas. O total de receitas dos governos locais da Índia, por exemplo, ascendeu a menos de 1% do PIB em 2007 e 2008. Isso precisa mudar.
Avançando com sucesso
A boa notícia é que parcerias podem funcionar quando feitas da maneira correta e o apoio internacional está alinhado a com estratégias locais focalizadas.
A cidade de Lima, Peru, por exemplo, assegurou recentemente uma classificação de crédito que permitiu i cofinanciamento do seu sistema BRT (Bus Rapid Transit) com empréstimos de um banco local comercial, do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Um grupo de cidades do C40 recentemente assumiu o compromisso de adquirir 40 mil novos ônibus limpos até 2020 para reduzir custos e ajudar a criar economias de escala para a nova tecnologia. E iniciativas emergentes como a Creditworthiness Partnership, do Banco Mundial, e a Aliança Cities Climate Leadership estão começando a acelerar os fluxos de capital adicional para as cidades. Esses esforços precisam ser construídos e intensificados.
O recente trabalho do New Climate Economy demonstra que a ação de baixo carbono pode criar significativos benefícios econômicos, ambientais e qualidade de vida para o mundo, em particular para as cidades. O trabalho da Comissão Global e redes de cooperação de cidades como C40, ICLEI e UCLG estão mostrando o caminho para um futuro mais próspero e sustentável. Agora vamos trabalhar juntos e agarrar a oportunidade de US$ 17 trilhões para um maior crescimento e um melhor clima.
Nick Godfrey é o diretor de Política e Desenvolvimento Urbano do New Climate Economy, a bandeira da Comissão Global da Economia e Clima. Nick é o autor líder do componente de cidades do relatório New Climate Economy 2015.
Originalmente publicado em inglês no TheCityFix.