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6 ideias para construir a cultura da bicicleta – a partir do Fórum Mundial da Bicicleta

(Foto: Claudio Olivares Medina/Flickr)

Artigo originalmente publicado por Dario Hidalgo em inglês no TheCityFix.

Na semana passada, quatro mil pessoas se reuniram para o quarto Fórum Mundial da Bicicleta. O evento, voltado à cidadania, foi criado por ativistas da bicicleta em Porto Alegre após o atropelamento de um grupo de ciclistas da Massa Crítica na cidade em 2011. Felizmente, ninguém morreu, mas a atenção da mídia despertou a solidariedade e a tomada de ação entre bikers de todo o mundo. Após dois anos sediado em Porto Alegre, o Fórum mudou-se para Curitiba, em 2014, e neste ano para Medellín, Colômbia.

A cultura do ciclismo urbano é um poderoso instrumento para a construção de cidades sustentáveis, saudáveis e equitativas. Sua utilidade para as cidades vai muito além do transporte, lazer e esporte. Pedro Bravo, autor de Biciosos, diz que “bicicletas são uma arma de construção em massa”.

O quarto Fórum Mundial da Bicicleta nos mostrou vários exemplos de como o ciclismo pode catalisar uma mudança generalizada nas cidades. Estas incluem desde impressionantes mudanças em cidades como Bogotá e Nova York, lideradas pelos ex-prefeitos Enrique Peñalosa e Michael Bloomberg, até avanços em Almaty, Cazaquistão; Buenos Aires, Argentina; Mexico City, México; Santiago, Chile; e Curitiba  e São Paulo, Brasil.

Mas o desafio ainda é enorme. Um século de desenvolvimento urbano ‘carrocentrado’ não conseguiu tornar as cidades felizes. Em vez disso, a maioria das cidades dependentes do carro são segregadas, afetadas economicamente, perigosas e poluídas. Carros e seus usuários não são inimigos, mas as desvantagens ambientais e econômicas do excesso de confiança no automóvel particular tornaram-se claramente esmagadoras.

É por isso que a bicicleta, criada há mais de um século, é o verdadeiro veículo do futuro. Ela melhora a mobilidade urbana, gera atividade física e a integração com transporte público e sistemas de compartilhamento de bicicletas. Com um pouco de inovação ou um empurrãozinho elétrico, as bicicletas podem prover mobilidade em todos os tipos de terrenos, planos ou inclinados, para pessoas de diferentes idades e condições físicas.

Com esses benefícios em mente, estas seis abordagens do Fórum Mundial da Bicicleta ajudam a construir essa cultura e aumentar a prevalência do ciclismo urbano em cidades pelo mundo:

Convidar outros a tentar

Você não pode dizer que não gosta se não tenta! O primeiro passo para construir a cultura da bicicleta é mudar a percepção dos não-ciclistas sobre os ciclistas. Algumas vezes isso significa pensar fora da caixa, como estes ciclistas dançando “Cumbia Cachaca” durante o dia anual sem carro em Bogotá:

Implementar e aumentar ciclovias e dias sem carro

Enquanto em sua maioria destinados ao lazer e à saúde, os dias sem carro incluem ciclofaixas de lazer aos domingos – mas eles são um instrumento excepcional para criar a cultura do ciclismo urbano. Pioneiros na América Latina, esses eventos se espalharam por todo o mundo e são agora realizados em mais de 400 cidades. Os governos locais podem apoiar os dias sem carros através da implementação de novos programas ou ampliar aqueles já existentes, aumentando sua frequência ou o espaço destinado à ação.

Aumentar o orçamento para infraestrutura de pedestres e bicicletas

Orçamento é o instrumento mais poderoso de políticas públicas, onde a retórica e a ação se transformam em realidade. Aumentar o orçamento para infraestrutura em transporte ativo significa que os líderes estão ‘caminhando e pedalando a conversa’. Por exemplo, ativistas de bicicleta no México estão demandando aos políticos a destinação de 5% do orçamento nacional em mobilidade urbana para o transporte ativo.

Desenvolver políticas nacionais para bicicleta

Políticas explícitas para aumentara capacidade, regulação, infraestrutura e finanças para o ciclismo ajudam no avanço da agenda em todos os níveis. Um ótimo exemplo é o Plano Nacional de Ciclismo da Alemanha, que tem quatro pilares: um grupo de trabalho conjunto entre governo federal e as províncias/estados; um portal online para compartilhamento de expertise em ciclismo; uma academia de ciclismo que ajuda a difundir as melhores práticas; e um programa federal de auxílio para promover o ciclismo.

Incluir as bicicletas explicitamente nas Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU

O atual rascunho das Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDGs) – previstas para ser concluídas em setembro de 2015 – incluem uma meta de cidades sustentáveis e transporte urbano, mas não menciona os pedestres e ciclistas de forma explícita. Incluir o transporte ativo nas metas pode tornar o ciclismo mais seguro e as cidades mais sustentáveis, portanto é algo sobre o qual os ativistas deveriam pressionar seus governantes para influenciar as negociações na ONU.

Continuar construindo facilidades para a bike

Muitas cidades estão avançando nos planos para expandir a infraestrutura do ciclismo. Existem diretrizes de qualidade que elas podem usar para criar redes cicloviárias seguras e acessíveis. Contudo, o ritmo de mudança é muito lento. Santiago planeja 900 km de ciclovias durante 15 anos, mas uma via expressa inteira pode ser completada em somente dois.

É hora de levar a bicicleta a sério

A julgar pelo entusiasmo apresentado no Fórum Mundial da Bicicleta, defensores da bike não vão deixar suas ideias em segundo plano. Nascido de um massacre público, este evento demonstrou seu poder para criar a mudança, quando 2 mil pessoas se reuniram em um passeio seguro e calmo da massa crítica na sexta-feira à noite.

Com base nas ideias e no momentum desse evento, cidadãos e líderes municipais podem catalisar o potencial do ciclismo urbano para construir cidades sustentáveis e saudáveis para as pessoas.

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O Fórum Mundial da Bicicleta deste ano não teria sido possível, produtivo ou divertido sem os 300 voluntários liderados por Carlos Cadena Gaitán e Juan Manuel Restrepo. Saiba mais em www.fmb4.org.

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