
Grupo de amigos conversa no novo parklet do bairro Pinheiros, em São Paulo, o sétimo miniparque da capital paulista. O TheCityFix Brasil conferiu a inauguração. (Foto: Luísa Zottis/EMBARQ Brasil)
O sossego de aproveitar a cidade ao ar livre parece cada vez mais escasso nos centros urbanos. Estamos dentro de escritórios, ao ar condicionado, sem tempo pra sair. Na contramão dessa lógica, uma iniciativa nascida em São Francisco, nos Estados Unidos, propôs, então, levar os parques até às pessoas. Como? Através dos parklets. Estas minipraças também estão conquistando São Paulo, que ganhou hoje seu sétimo parklet, no bairro Pinheiros.
Nesta tarde, o TheCityFix Brasil foi ao local para conferir de perto a inauguração. O prefeito Fernando Haddad, também presente, conversou conosco e afirmou que a cidade vive hoje uma nova fase. “Meu sonho é que a gente compreenda que a cidade é nossa, é a extensão da nossa casa. Que a gente curta, cuide e usufrua dela com esta visão”, disse, acrescentando que dedicar espaço cada vez menos aos carros é uma mudança de paradigma demorada, mas que vem ganhando força.
O novo espaço de convivência está localizado na rua Francisco Leitão, número 290, no bairro Pinheiros. Sobre a projeção para futuros miniparques como este na cidade, o prefeito afirmou: “quando tivermos mil parklets, a cidade terá mudado muito. Até agora são sete, e vamos pegando o ritmo”.
Os parklets são espaços públicos que nascem a partir de parcerias público-privadas (PPPs). Ou seja, eles acontecem quando empresas e governos se unem para transformar o espaço urbano. O recém-inaugurado miniparque está em frente a um restaurante cujo proprietário, Piero Mattos Mazzamati, atento aos problemas crescentes de mobilidade urbana da cidade, viu nas vagas de estacionamento em frente a seu estabelecimento uma oportunidade para melhorar a cidade. “Esta praça é um lugar muito mais dinâmico do que vagas onde teriam carros estacionados. Embeleza a cidade, diverte as pessoas, oferece um lugar para que elas convivam”, celebrou.
O secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, também foi ao local conhecer a novidade. Conversando conosco, ele lembrou que os parklets vão ao encontro da nova identidade de São Paulo – que prioriza os meios de transporte coletivos e está construindo uma cidade mais centralizada nas pessoas. “Essa ideia de construir viadutos e avenidas, ou de tirar espaço do pedestre e do ciclista em prol do carro é uma ideia atrasada. Que vai contra o que está acontecendo no mundo. Cada vez mais o transporte não motorizado está ganhando espaço, e é isso que estamos fazendo”, avaliou Tatto, lembrando que tais medidas funcionam como agentes na mudança de comportamento, além de ser um legado da cidade.

Jilmar Tatto, secretário de transportes, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, no parklet inaugurado hoje (24) na rua Francisco Leitão. (Foto: Luísa Zottis/EMBARQ Brasil)
Mais amor, menos motor
Quem mora, trabalha ou mesmo passa eventualmente nas proximidades da Rua Francisco Leitão também acredita que o novo espaço de convivência está totalmente alinhado ao ideal de uma cidade mais humana. O diretor de tecnologia Felipe de Rezende Vasques, de 27 anos, é um exemplo. Ele e o amigo publicitário André Baltar Vila, de 26 anos, trabalham na região e acreditam que o parklet vai beneficiar a rotina de ambos. “Isso é o futuro: usar espaço antes do carro para as pessoas. Passaremos a vir aqui depois do almoço pra descansar, trocar uma ideia ao ar livre, fora do ar condicionado”, disse André. “Precisamos usar cada vez mais a cidade. Ela deve ser das pessoas”, acrescentou Felipe.
O estudante de arquitetura Roberto, de 27 anos, também aprova a novidade. Junto a um grupo de amigos, ele estava a caminho do parque Ibirapuera para assistir a uma conferência sobre água e cidades, mas parou para conferir o parklet. “Temos que pensar a via como um espaço não apenas de carros, há que trazer a cidade para a escala humana. O parklet é uma pequena parte a ser feita para criar estes espaços de convivência e aumentar a interação na cidade. É isso que está faltando”, acredita.
O direito de ir e vir em São Paulo é exercido 23 milhões de vezes por dia em São Paulo. Deste total de deslocamentos, quase metade é feito a pé. Seguindo esta lógica, a conta é simples: mais pessoas caminhando requerem mais espaço nas ruas. E não apenas para o transporte daqui pra lá, de lá pra cá. Sentar numa praça ou num parklet, se apropriar do espaço urbano é abraçar a cidade e fazer dela… um lar.
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