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Ao Maracanã e além: a Copa do Mundo traz os benefícios do transporte sustentável para o Brasil

Embora o Brasil tenha sofrido críticas pelos gastos em infraestrutura para a Copa do Mundo, exemplos como o MOVE, em Belo Horizonte, mostram como um projeto pode atender aos visitantes e ao mesmo tempo oferecer benefícios de longo prazo para os brasileiros. (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)

Por Benoit Colin e Guillermo Petzhold

Publicado originalmente no WRI Insights.

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Os fãs da Copa do Mundo podem estar focados nos jogos, mas críticos estão prestando atenção a outro aspecto do evento – o preço. O Brasil gastou bilhões de reais em infraestrutura para a Copa, e é compreensível que muitos estejam questionando os benefícios que esses investimentos poderão trazer aos moradores em longo prazo.

Muitas dessas críticas são justificadas, mas se olharmos para além dos estádios novos em folha – mais especificamente, para as ruas da cidade – uma história mais positiva pode ser contada. Os investimentos ligados ao Mundial ajudaram a financiar sistemas de transporte sustentável que vão beneficiar os brasileiros por muito tempo depois do apito final.

A Copa do Mundo e o BRT

O Programa de Aceleração do Crescimento, o plano brasileiro para melhorar a infraestrutura do país, incluiu um pacote de investimento dedicado à Copa. Uma parcela desse dinheiro foi direcionada a novas opções de mobilidade, com governos municipais, estaduais e federal destinando cerca de oito bilhões de reais ao transporte coletivo.

Uma dessas soluções são os novos sistemas BRT, que estão levando os torcedores diretamente a estádios como o Maracanã, no Rio, e o Mineirão, em Belo Horizonte. Na capital mineira, por exemplo, chegar aos jogos da Copa de BRT leva aproximadamente 20 minutos, ao passo que ir ao jogo de carro pode chegar a uma hora e trinta minutos de deslocamento.

Os investimentos para o Mundial ajudaram a financiar os BRTs do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, três das maiores cidades do país. Esses sistemas devem contribuir para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros por muito tempo depois do final da Copa – e podem inspirar uma aceitação ainda maior das opções de transporte sustentável no país.

No Rio, por exemplo, dois corredores BRT já estão prontos e funcionando e mais dois devem chegar até 2016 para os Jogos Olímpicos, cercando a cidade toda e transportando 1,6 milhão de passageiros por dia em aproximadamente 160 km de corredores dedicados. O TransCarioca, inaugurado recentemente, logo antes da Copa, deve atender em torno de 450 mil moradores todos os dias. O corredor foi construído também para transportar os visitantes com velocidade entre o aeroporto internacional e outros pontos da capital fluminense. O TransOeste, que liga os bairros da Barra da Tijuca e de Santa Cruz, já beneficia mais de 135 mil moradores diariamente, cortando seus tempos de viagem pela metade. Ambos os corredores oferecem transporte de qualidade a um preço acessível para comunidades que nunca tiveram esse benefício ao alcance antes e permitem que os moradores tenham acesso com facilidade aos serviços urbanos.

“Antes do BRT, eu tinha que esperar por um ônibus que costumava levar até uma hora para chegar até a minha casa”, disse Igor dos Santos, 17 anos, quando o TransOeste foi inaugurado. “Com o tempo que ganhei, posso fazer meu curso de informática”.

A presidente Dilma Rousseff também falou sobre o profundo impacto que o BRT terá na vida dos cariocas: “Quando falamos em transporte urbano coletivo, estamos falando de algo extremamente precioso para a vida de cada um de nós – o tempo. É tempo de viver. E o TransCarioca vai nos fazer ganhar tempo para viver”.

Em Belo Horizonte, os moradores estão vendo melhoras similares graças ao novo sistema BRT da cidade, o MOVE, que foi desenvolvido com o apoio da EMBARQ Brasil, produtora deste blog. Lançado há quatro meses, o MOVE já provou seus benefícios transportando os passageiros três vezes mais rápido do que o carro durante os horários de pico; em operação plena, vai transportar mais de 700 mil passageiros por dia. Além disso, o novo sistema também está melhorando as áreas circundantes de seus corredores e ajudando a revitalizar o centro da cidade: de um espaço degradado para uma área mais voltada às pessoas.

O MOVE, sistema BRT de Belo Horizonte, alterou drasticamente a paisagem na rua Paraná – de uma rua congestionada para um lugar voltado à mobilidade das pessoas. (Antes: Google Street View / Depois: Luísa Zottis/EMBARQ Brasil)

O movimento continua: a Política Nacional de Mobilidade Urbana

A boa notícia é que o movimento do Brasil em direção à mobilidade sustentável vai se estender para além da Copa do Mundo e de algumas poucas cidades. Atualmente, o país está avançando com a Política Nacional de Mobilidade Urbana. Estabelecida em 2012, a lei exige que todas as cidades com mais de 20 mil habitantes, além daquelas com atividades de turismo e comércio significativas, criem seus planos de mobilidade até abril de 2015 se quiserem receber a verba federal para investimento em transporte. Os planos precisam priorizar os modais não motorizados, como caminhadas e bicicleta, e sistemas de transporte coletivo.

Em torno de três mil cidades serão impactadas por essa legislação, um movimento que inevitavelmente vai aumentar o acesso dos brasileiros a meios de transporte mais confiáveis e com mais qualidade. Na medida em que essas cidades desenvolvem seus planos de mobilidade, é importante que se espelhem nas capitais maiores, como Rio e Belo Horizonte, que já se tornaram exemplos poderosos dos benefícios que o transporte sustentável pode trazer.

Tradução: Priscila Kichler Pacheco, do TheCityFixBrasil

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