E se você ganhasse duas folgas todo mês, o que faria? Tempo é liberdade. Para curtir a família, viajar, ir ao parque, à praia, ao cinema, fazer um curso bacana. A boa notícia é o tempo existe, mas está preso no trânsito. A pesquisa Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo de 2013 descobriu que os paulistanos perdem cerca de um mês ao ano no congestionamento, com um tempo médio de viagem de 2,4 horas por dia.
Um dado que chama atenção é que o deslocamento não necessariamente é feito de carro, pois somente 40% das pessoas utilizam-no, embora ainda seja um índice alto. Isso reforça a urgência da priorização ao transporte coletivo, como as faixas exclusivas para ônibus, tirando-os do tráfego misto: elas têm capacidade transportar para 10 vezes mais pessoas do que vias para carros. Felizmente a cidade conta com uma política para tal, com 374 km já implantados pela operação Dá Licença para o Ônibus.
Outra pesquisa, realizada nas cidades-sede da Copa do Mundo, revela uma contradição. Embora a maioria das pessoas (93%) considere o transporte público, a caminhada e a bicicleta como modos ideais para o deslocamento nas cidades, 47% ainda dizem depender do carro. O tempo médio diário por pessoa é de uma hora nas cidades, embora Curitiba tenha sido eleita a mais “rápida”, com 52 minutos por dia.
Em Belo Horizonte, por exemplo, o mesmo estudo mostra que as pessoas perdem um dia por mês no trânsito. Vale frisar a descoberta de que, nos últimos cinco anos, 33% dos entrevistados mudaram seus hábitos de deslocamento: destes, 67% migraram do transporte coletivo para o automóvel particular, enquanto somente 24% fizeram o caminho inverso. Vale sublinhar que a capital mineira já inaugurou seu sistema BRT (Bus Rapid Transit),o Move, que já tem dois corredores em operação e foi o principal modal para os jogos da Copa no estádio Mineirão. Ele integra uma rede de quatro corredores cuja extensão totaliza 23 km.

BRT Move: corredor exclusivo garante agilidade ao transporte coletivo. (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)
Outro elemento que pode melhorar a eficiência do transporte e a qualidade de vida nas cidades é o desenvolvimento urbano orientado ao transporte (DOT), que nada mais é do que fomentar uma maior intensificação imobiliária – de habitação, serviços e comércio – nos entornos das grandes estações e terminais de transporte coletivo e intermodal. Ao promover o DOT, é possível reduzir, de certa forma, os quilômetros rodados pelo transporte, poupando tempo às pessoas.
Lembrando que o tempo é apenas uma das variáveis que o transporte impacta. Se lembrarmos ainda dos benefícios ambientais, sociais, econômicos e para a saúde humana, cresce ainda mais nosso desejo de ver as cidades se tornarem bons exemplos em mobilidade urbana sustentável.
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