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Cidades planejam-se para mudanças climáticas, aponta MIT

Cidade do México, 2007. Na América Latina, 95% das cidades incluem mitigação e adaptação ao seu planejamento contra as mudanças climáticas, diz pesquisa do MIT. (Foto: quite peculiar/Flickr)

As mudanças climáticas estão entrando cada vez mais na agenda municipal em todo o mundo, revela estudo do MIT (Massachussetts Institute of Technology) divulgado na última semana. Intitulada Urban Climate Change Governance Survey, a pesquisa foi realizada em 350 cidades e mostra as principais prioridades e desafios na execução de estratégias para reduzir as emissões e aumentar a resiliência global.

A grande descoberta é que 75% das cidades encaram as  mudanças climáticas como elemento essencial de seu planejamento urbano, embora haja disparidade global em relação a este número. Por exemplo, nos Estados Unidos apenas 58% foca no planejamento tanto para mitigação quando adaptação, enquanto na América Latina o índice é de 95%, conforme a figura 1:

(Fonte: Urban Climate Change Governance Survey, Massachussetts Institute of Technology – MIT, 2014, p. 13).

Outro resultado importante mostra que 85% das cidades contam com um inventário local de emissões de gases do efeito estufa e, além disso, 15% investe no controle de emissões que resultam do consumo de bens e serviços naquela cidade. De acordo com o professor Alexander Aylett, coordenador da pesquisa, no release oficial do estudo, esta é uma medida crucial para mensurar se as medidas surtem efeito ou não.

Os dados também revelaram que os governos reconhecem a importância de uma aliança com todos os atores da sociedade. Indústrias e empresas também estão relativamente engajadas em responder às mudanças climáticas: cerca de 25% das cidades afirmam que negócios locais têm sido cruciais para a criação e implementação dos seus planos de mitigação climática, enquanto que 48% disseram que sociedade civil, entidades sem fins lucrativos e outras organização estão envolvidos no processo do planejamento climático.

Para executar as estratégias de combate às mudanças, no entanto, é preciso de equipe. Globalmente, 63% é o índice das cidades que têm entre um e cinco funcionários dedicados ao planejamento em mudanças climáticas. A falta de verba para investir em pessoal é considerada um grande desafio para 67% dos municípios.

Economia e meio ambiente devem caminhar juntos

Uma das descobertas chave está na relação entre economia e meio ambiente. Gestores reconhecem as mudanças climáticas como prioridade, almejam gerar empregos e reduzir custos públicos – só que eles não sabem como conciliar estes fatores. Das cidades que incluíram as mudanças climáticas no seu planejamento, apenas 21% vê conexões tangíveis entre a resposta às mudanças climáticas e outros objetivos de desenvolvimento local. Ayett pontua que não é difícil conciliar o planejamento para as mudanças climáticas e o crescimento econômico; o problema é que as cidades não estão tentando.

Para ilustrar, o MIT cita o exemplo de Portland, nos Estados Unidos, onde houve investimentos no desenvolvimento sustentável e um programa piloto chamado Clean Energy Works gerou 400 empregos para trabalhar na redução de consumo de energia, o que gerou uma redução das emissões em 1400 toneladas por ano. Para Ayllet, as mudanças climáticas não são um problema isolado, mas englobam todos os aspectos da vida urbana.

A pesquisa também procurou saber quais os setores que as cidades priorizam para reduzir suas emissões. Ao todo, 70% relataram estar agindo em campos mensuráveis, e as três áreas mais comuns entre todas estão prédios públicos (89%), frota pública de veículos motorizados (72%), e redução do desperdício de resíduos (55%). Em seguida, os elementos onde ações para redução de emissões vêm sendo feitas são energia residencial (48%), políticas e programas para prédios residenciais sustentáveis (36%) e aumento da utilização de transporte público (36%), de acordo com a figura 4:

(Fonte: Urban Climate Change Governance Survey, Massachussetts Institute of Technology – MIT, 2014, p. 18).

Os grandes desafios globais

A liderança é a grande chave do sucesso para a criação e implantação das estratégias de mitigação, aponta o estudo, que elenca os três grandes elementos que facilitam que governos locais desenhem e executem suas estratégias de mitigação: liderança do prefeito e gestores sênior; liderança de um gerente sênior; apoio de variados tipos de redes de governos locais, como o ICLEI, por exemplo.

Os próximos fatores mais importantes estão todos relacionados à obtenção de verba para os programas de mudanças climáticas e à contratação de equipe. Acesso à informação de emissões globais e os impactos locais são também assinalados como importantes facilitadores para implantar estratégias por 40% e 32% das cidades, respectivamente.

O estudo é uma colaboração entre MIT e ICLEI, a maior associação de cidades do mundo. O questionário foi elaborado com 69 perguntas, aplicado em 700 cidades de todo o mundo e respondido por 48% delas.

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