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Safári Urbano ‘Fit Cities’: como tornar nossas cidades mais saudáveis?

A pergunta é desafiadora, já que as doenças não transmissíveis, como cânceres e doenças cardiovasculares, já são responsáveis por 74% das mortes dos brasileiros. Muitas são causadas ou agravadas pelo estilo de vida que levamos nas nossas cidades. Com essa preocupação como tema central, o encontro Fit Cities – que ocorre entre terça e quarta-feira (15 e 16/4), em São Paulo – busca disseminar soluções inteligentes de desenho urbano voltadas, principalmente, ao bem-estar da população.

O evento reúne comunidade acadêmica, profissionais e especialistas das áreas de arquitetura, planejamento urbano, saúde e políticas públicas, e é organizado pela USP Cidades e Instituto Cidade Ativa, com apoio da EMBARQ Brasil. Nesta terça,  um grupo de 40 alunos e profissionais de arquitetura participaram do Safári Urbano e de palestras de Skye Duncan, do Departamento de Planejamento de Nova Iorque, e das especialistas da EMBARQ Brasil, Paula Santos Rocha e Lara Caccia.

O sedentarismo nas cidades somado aos maus hábitos alimentares levaram a um aumento significativo das chamadas “doenças de desequilíbrio energético” – como câncer, diabetes e problemas cardiovasculares. Quem alerta é Skye Duncan, arquiteta do time de especialistas que tornou NY referência em atenção ao pedestre por meio do conceito Active Design.

Skye Duncan em palestra no Fit Cities.(Foto: EMBARQ Brasil)

Duncan lembrou que os séculos XIX e XX foram marcados por reformas urbanas para combater as doenças infecciosas, e agora é hora de agir contra os males crônicos.

“O modo como vivemos nas nossas cidades influencia diretamente para que essas doenças aumentem. A maioria das nossas cidades foi construída sem sequer dar chance para o pedestre. Sem calçadas, sem locais apropriados para as pessoas. Isso as forçou a andar de carro ou ir para o meio da rua. É hora de mudar”, alertou.

O conceito nova-iorquino propõe pensar as calçadas como uma “sala de estar”, onde experienciamos a rua. São seis os pontos-chave que devem ser observados: Sustentabilidade e resiliência, acessibilidade, segurança, conectividade, escala humana e complexidade. Esses aspectos podem ser fortalecidos ou aprimorados por meio de medidas como alargar e deixar livre o passeio urbano, utilizar sinalização e iluminação apropriada, mais espaços verdes e menos concreto. Para isso, porém, é necessário decisão política. “É muito importante ter em mente que as leis influenciam as experiências que vivemos nas ruas”, disse Gabi Callejas, especialista do Instituto Cidade Ativa.

Paula Santos Rocha, da EMBARQ Brasil.(Foto: EMBARQ Brasil)

Lara Caccia, da EMBARQ Brasil.(Foto: EMBARQ Brasil)

Participantes mapearam dados específicos de cada trecho. (Foto: EMBARQ Brasil)

Grupo analisa região da Berrini, em São Paulo.(Foto: EMBARQ Brasil)

Com espaço limitado na calçada, pedestres acabam se arriscando nas vias.(Foto: EMBARQ Brasil)

A experiência para os alunos foi marcante. “Achei geniais as referências que foram trazidas para nós aqui hoje, especialmente o caso de Nova Iorque. Saio daqui com a certeza que Londrina, minha cidade, precisa organizar um projeto como esse. O ponto principal é essa importância de conectar a saúde com o projeto urbanístico da cidade”, destacou Patrick Rocha, aluno de arquitetura da UEL. Patrick foi selecionado entre todos estudantes para participar dos dois dias de atividades em São Paulo por sua desenvoltura no inglês e a pró-atividade. “Agora tenho a missão de repassar o conhecimento adquirido para os meus colegas”.

Patrick em ação durante o Safári Urbano desta tarde. (Foto: EMBARQ Brasil)

Sobre o Active Design

O Active Design é um movimento iniciado nos EUA que pretende promover hábitos saudáveis e estilo de vida ativo a partir do desenho dos edifícios, cidades, políticas públicas nas áreas de planejamento, construção e saúde. As diretrizes defendidas pelo Active Design foram consagradas através da publicação do Active Design Guidelines, desenvolvido pelos Departamentos de Planejamento, Construção, Transporte e de Saúde da cidade de Nova Iorque, e de outros estudos que o procederam.

Em conjunto com o American Institute of Architects (AIA) e com governos locais de diversas cidades dos EUA, o movimento vem ganhando força por meio de eventos anuais. Desde 2011, o conceito ganhou relevância mundial através dos encontros Fit World e passou a reunir profissionais de todo o mundo em iniciativas que propõem uma nova maneira de pensar as cidades e a saúde das pessoas.

O Centro Active Design é uma entidade sem fins lucrativos para arquitetos, urbanistas, políticos, promotores imobiliários e cidadãos, empenhada em promover e ampliar o papel da arquitetura e do urbanismo na melhoria da saúde pública e do bem-estar. Sua missão é reduzir o risco de obesidade e doenças crônicas, através da promoção da atividade física e acesso a alimentos saudáveis e novas concepções de edifícios, ruas e bairros. O Instituto Cidade Ativa foi criado para trazer ao Brasil a experiência norte-americana.

 

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