O momento que vivemos é um dos mais propícios para o investimento público e privado em transportes de baixas emissões. Em 2012, durante a Rio+20, oito dos principais banco multilaterais de desenvolvimento anunciaram um fundo de US$ 175 bilhões para projetos relacionados. Desde então, economistas e especialistas em Transportes da rede EMBARQ consolidam pontos-chave para que os projetos de países em desenvolvimento ganhem espaço nessa generosa fatia de investimentos e sejam executados com sucesso.
Duas publicações, lançadas entre o final de 2013 e início de 2014, estão ganhando destaque para formar essa receita. São elas: “Transport readiness for climate finance” e “The Trillion Dollar Question: Tracking Public and Private Investment in Transport”. Os autores são Benoit Lefreve, diretor de Transporte e Clima, e David Leipziger, analista de Pesquisa da EMBARQ, o centro de transporte sustentável do World Resources Institute – WRI.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dos oito bancos multilaterais que fazem parte do acordo, anunciou – por meio de seu Escritório de Avaliação e Supervisão (OVE, sigla em inglês) – que utilizará os estudos para atualizar o portfólio de projetos selecionados. “O OVE vai utilizar nossa estrutura e seus sete elementos para organizar as intervenções e as áreas de melhorias dos projetos do BID”, explicou Lefreve. A preocupação é aumentar a sustentabilidade dos sistemas, diminuir o impacto e mitigar emissões.
Abaixo, conheça mais detalhes sobre as pesquisas:
# Transport Readiness for Climate Finance
A fim de aproveitar o momento propício para novas e já existentes fontes de recursos climáticos e aproveitá-las adequadamente para o setor de Transportes, os países em desenvolvimento podem tomar medidas para aumentar a sua “disposição” (readiness) para o financiamento. A EMBARQ identificou sete pontos essenciais para planejar, acessar e operacionalizar, com sucesso, o financiamento climático em transporte:
- Arranjo Institucional – Definir metas concretas e coordenar interações entre instituições públicas;
- Ativar o ambiente – Criação de um clima favorável ao investimento e capacidade de gerir o financiamento e implementar projetos;
- Estratégia Financeira – Identificar, em um alto nível de governo, uma combinação de fontes de financiamento com projetos financiáveis;
- Atrair o Setor Privado – Encorajar investimentos privados em transporte por meio da mitigação de riscos de investimento;
- Avaliar Co-benefícios – Identificar externalidades positivas sócio-econômicas, ambientais e de saúde relacionadas ao transporte de baixo carbono para ajudar a fortalecer a possibilidade de investimento;
- Rastrear Emissões – Investir na estratégia e na capacidade de medir, reportar e verificar, corretamente, as emissões dos projetos;
- Requisitos de Dados – A coleta e a gestão de dados sobre a atividade de transporte, a participação do modal, as taxas de emissões, e nível de carbono do combustível são essenciais para a avaliação do impacto do investimento.
Investir nestas condições de disposição ao financiamento ajudará países e governos locais a acessarem e fazerem melhor uso dos recursos de financiamento do clima para o transporte. Estes pontos-chave também podem produzir resultados positivos mais amplos para a economia, governo e meio ambiente.
Clique aqui para ler mais sobre o estudo (em inglês).
# The Trillion Dollar Question: rastreando o investimento público e privado em transportes
Quanto dinheiro é gasto em sistemas de transporte globais? E de onde esse dinheiro vem?
O estudo aponta que o investimento global em transportes está entre US$ 1,4 US$ 2,1 trilhões todos os anos, o suficiente para financiar o orçamento do metrô de Nova York 88 vezes. Enquanto o investimento público é responsável por US$ 569 a US$ 905 bilhões de dólares por ano, o setor privado destina entre US$ 814 bilhões e US$ 1,2 trilhões. Três quartos desse investimento ocorre em países de alta renda. Mas o investimento em países em desenvolvimento está aumentando. Dados do Banco Mundial revelam que a participação privada no transporte nessas regiões cresceu 400% entre 1990 e 2012.
O relatório conclui que atrair o investimento privado e mobilizar recursos públicos para fazer isso serão ações essenciais para mudar os padrões de investimento futuro em direção ao transporte sustentável de baixo carbono nos países em desenvolvimento.