A cidade das luzes se apagou e não foi por falta de energia elétrica. Paris foi encoberta por uma camada cinza na última semana, quando registrou níveis alarmantes de poluição por cinco dias consecutivos, com o pior índice dos últimos sete anos. O nível registrado de material particulado foi de 180 microgramas por metro cúbico de ar, mais que o dobro do permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para ter uma ideia do quão grave isso é, os mesmos níveis foram registrados em São Paulo em 2011, culminando em 17 mil mortes e 68 mil internações em função da fumaça – e um prejuízo de 240 milhões de reais aos órgãos públicos e privados de saúde. E a tendência é piorar: a previsão para as próximas semanas é que Paris atinja níveis semelhantes aos de Pequim, uma das cidades mais poluídas do mundo.
Em resposta ao problema, o governo fez um pacote de medidas incluindo transporte coletivo gratuito, compartilhamento de bicicletas e aluguel de carros elétricos a custo zero durante o último final de semana. Uma medida, no entanto, gerou impasse entre governo e população:o rodízio de automóveis, alternando a circulação de placas ímpares e pares dia sim, dia não. Será que a decisão é efetiva no combate à poluição?
“O material particulado (PM) é produto da queima do combustível fóssil que, somado às condições climáticas da região, culminou na camada poluente. Num primeiro momento, o rodízio pode contribuir para reduzir a poluição. Entretanto, a longo prazo, a medida pode não ser tão efetiva assim, como é o exemplo que temos em São Paulo, em que pessoas chegam a comprar um segundo automóvel para circular nas ruas”, explica a engenheira de transportes da EMBARQ Brasil Magdala Arioli.
Segundo a especialista, para uma melhora efetiva da qualidade do ar, a longo prazo, é preciso focar em redes de transporte coletivo e menos poluentes. “Paris conta com boas opções de transporte coletivo, como a rede metroviária que cobre toda região urbana, portanto é acessível; e como o Vélib, sistema de compartilhamento de bicicletas”, diz.
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