O Estadão lançou recentemente a ferramenta “calculadora da mobilidade urbana”. Ela tem por objetivo comparar o custo de deslocamento por diferentes meios de transporte na capital paulista. Contudo, uma série de restrições em sua metodologia parece incentivar o uso indiscriminado dos modos de transporte privados, justamente os que apresentam menor eficiência do uso do espaço público em termos de passageiros transportados por hora, contribuindo ainda mais com a imobilidade urbana das nossas cidades.
Tendo como premissa de que “o levantamento foca exclusivamente na questão econômica“, a calculadora peca ao não considerar o custo de estacionamento dos veículos privados. Avaliado em R$ 332 (110 passagens de ônibus/metrô!), o custo médio de uma vaga em São Paulo é uma variável fundamental desta equação, da mesma forma que o gasto com funcionários é no cálculo da tarifa do transporte coletivo. Ter de desembolsar este valor mensalmente já supera em R$ 100 o preço do bilhete único mensal integrado.
A solução passa por qualificar o transporte coletivo, incentivar o uso dos meios não motorizados e utilizar a tecnologia para otimizar a rede de transporte das cidades ao invés de se criar ferramentas tendenciosas que nos levem a crer que devemos optar pela construção de mais viadutos, pontes e no alargamento de vias.
Programas como Dá Licença para o Ônibus, a construção de novas linhas de metrô, monotrilho e BRT, sistemas de bike sharing, mostram que outra realidade é possível para a cidade de São Paulo.

Após o lançamento do programa “Dá Licença para o Ônibus” mais de 290 quilômetros de faixas dedicadas foram implantas em São Paulo, beneficiando milhões de usuários. (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo)