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Calculadora da Mobilidade Urbana: ferramenta é ineficiente

O Estadão lançou recentemente a ferramenta “calculadora da mobilidade urbana”. Ela tem por objetivo comparar o custo de deslocamento por diferentes meios de transporte na capital paulista. Contudo, uma série de restrições em sua metodologia parece incentivar o uso indiscriminado dos modos de transporte privados, justamente os que apresentam menor eficiência do uso do espaço público em termos de passageiros transportados por hora, contribuindo ainda mais com a imobilidade urbana das nossas cidades.

Tendo como premissa de que “o levantamento foca exclusivamente na questão econômica“, a calculadora peca ao não considerar o custo de estacionamento dos veículos privados. Avaliado em R$ 332 (110 passagens de ônibus/metrô!), o custo médio de uma vaga em São Paulo é uma variável fundamental desta equação, da mesma forma que o gasto com funcionários é no cálculo da tarifa do transporte coletivo. Ter de desembolsar este valor mensalmente já supera em R$ 100 o preço do bilhete único mensal integrado.

Enquanto uma faixa dedicada ao carro só transporta 1350 pessoas/hora, já que a média de ocupação dos veículos brasileiros é de 1,5 pessoas/veículo, uma de ônibus carrega 13500 (10x mais) podendo até chegar a 48000 se houver uma faixa de ultrapassagem (caso do corredor BRT da Avenida Caracas/Bogotá). (Gráfico por EMBARQ Brasil)
Numa simulação da ferramenta, duas pessoas que utilizam o automóvel Wolksvagen Gol para uma distância de 10km têm um gasto, cada uma, de R$ 2,99. De transporte coletivo cada uma gastaria R$ 3,00. Se fossem quatro passageiros, cada um gastaria “apenas” R$ 1,49. Veja abaixo:

A solução passa por qualificar o transporte coletivo, incentivar o uso dos meios não motorizados e utilizar a tecnologia para otimizar a rede de transporte das cidades ao invés de se criar ferramentas tendenciosas que nos levem a crer que devemos optar pela construção de mais viadutos, pontes e no alargamento de vias.

Crianças a bordo de coletivo em São Paulo. (Foto: Clayton Laine/EMBARQ)

Programas como Dá Licença para o Ônibus, a construção de novas linhas de metrô, monotrilho e BRT, sistemas de bike sharing, mostram que outra realidade é possível para a cidade de São Paulo.

Após o lançamento do programa “Dá Licença para o Ônibus” mais de 290 quilômetros de faixas dedicadas foram implantas em São Paulo, beneficiando milhões de usuários. (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo)

 

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