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Em Movimento: Impulsionando o transporte sustentável – da concepção ao ponto de inflexão

Artigo publicado originalmente em inglês por  e , em 23/10/2013, no TheCityFix.

Este é o terceiro post da série de posts “Transporte Urbano Sustentável Em Movimento”, exclusiva do blog TheCityFix. A elaboração desta série foi possível graças a uma doação da Shell Foundation. Todo o conteúdo é de responsabilidade exclusiva de seus autores.

Os passageiros esperam para embarcar no trem chegando. Muitos conceitos emergentes em transporte sustentável estão em uma ascenção que mostra potencial para serem adotados por uma ampla gama de cidades em um futuro próximo. Isto nos levou a investigar o provérbio “ponto de inflexão” em mobilidade urbana sustentável. (Foto: linuscheng07)

Nos artigos anteriores da série, focamos na necessidade de mudar paradigmas no transporte urbano e também nas novas tendências de mobilidade entre as gerações mais jovens. A partir do post de hoje, vamos apresentar as alternativas de mobilidade sustentável. Estas soluções emergentes para a comunidade dos transportes vão ajudar a solucionar os desafios que estamos enfrentando: aumento do número de mortes nas estradas, poluição do ar, sedentarismo e emissões de gases do efeito estufa (GEE). Também vamos fazer um balanço dos progressos que estão sendo feitos para além do discurso e seus reais impactos – uma abordagem que em muitos países vai na direção errada.

Onde estamos agora? Vamos utilizar um modelo para responder a essa pergunta.

A teoria da “Difusão de Inovação” como uma estrutura básica para soluções de mobilidade sustentável

A teoria da “Difusão de Inovação”, de Everett M. Rogers, pode servir de estrutura básica para examinarmos soluções de mobilidade sustentável.  Vamos localizar o ponto onde diversas soluções se encontram no nível de inovação e se elas cruzaram o ponto crítico, ou seja, o estágio quando já não se pode parar sua implementação, conhecido como o “ponto de inflexão”.

A “Difusão de Inovação” geralmente é usada para explicar o processo pelo qual uma inovação é transmitida ao longo do tempo entre os membros de um sistema social. O sistema social para a inovação é composto por indivíduos que podem ser classificados em cinco categorias: inovadores, novos adeptos, maioria precoce, maioria tardia e retardatários (ver a Figura 1). Cada categoria de indivíduos atua para influenciar o grupo seguinte através da difusão de ideias.

FigurA 1. Os cinco estágios da Difusão de Inovação. (Gráfico: Marco Derksen)

Processo de difusão de ideia: atingindo o “ponto de inflexão”

O processo de difusão de ideias nem sempre ocorre naturalmente. Em muitos sistemas sociais, há uma lacuna entre os novos adeptos e a maioria precoce, o que foi chamado de “o abismo” por Geoffrey A. Moore em “Atravessando o Abismo”. E conectar este abismo nem sempre é um processo gradual. Há casos em que a mudança é repentina. Uma vez que a inovação “cruza o abismo”, considera-se que ela atingiu o “ponto de inflexão”. Depois deste ponto, o crescimento continua a uma taxa exponencial até atingir o a maioria precoce da população. Esta adoção então desacelera com a maioria tardia, e os retardatários resistem à mudança.

Este é o caminho seguido pelo automóvel ao longo das mudanças do século passado. Invenções eram raras durante a última parte dos anos 1800, e apenas cerca de 2.500 veículos foram vendidos nos Estados Unidos por trinta fabricantes diferentes (inovadores). O ponto de inflexão ocorreu quando Henry Ford introduziu o Modelo T, em 1908, no mesmo ano em que a General Motors foi fundada. A produção em massa e a padronização ajudaram a cruzar “o abismo”, e em 1913 um total de 485 mil automóveis foram vendidos (novos adeptos). Em 1927, o Modelo T foi retirado de produção, mas 15 milhões de unidades já haviam sido vendidas: a “automobilidade” se tornou realidade.

Traduzindo a difusão de ideias para a ampliação do transporte sustentável

No desenvolvimento do transporte sustentável, a difusão de ideias pode ser interpretada como a ampliação que ocorre em várias regiões, principalmente através da reprodução e adoção de novos conceitos de uma cidade para outra. O ponto de inflexão ocorre quando o processo de adoção acelera de algumas para muitas cidades, de modo que o que eram apenas alguns projetos emblemáticos viram a norma generalizada.

Quando adaptados ao transporte sustentável, os quatro estágios da difusão de ideias são:

  • Emergência: O período em que novas ideias/conceitos são desenvolvidos e aplicados por uma ou duas cidades
  • Em ascensão: O momento em que a nova solução/ideias são gradualmente aplicadas em um pequeno número de outras cidades ou aceitas por um pequeno número de usuários
  • Inflexão: o período em que as alterações na taxa de adoção de algumas cidades ou um pequeno número de usuários muda para um crescimento exponencial
  • Integração: crescimento contínuo após o ponto de inflexão

Em que estágio as soluções em transporte sustentável se encontram atualmente?

Nos próximos posts, vamos examinar cinco áreas de transporte: restrições ao carro e diferentes abordagens de preços, transportes de massa, mobilidade compartilhada, planejamento urbano para a acessibilidade e integração multimodal. Amparados por especialistas em implantação de transportes sustentáveis ao redor do mundo, vamos determinar em que ponto da curva de adoção estas áreas se encontram conforme os quatro estágios da difusão de ideias. De forma simples, vamos representar os conceitos mais relevantes em transporte sustentável com foco em políticas que evitem o transporte individual motorizado e mudem a procura para modais públicos e compartilhados.

Figure 2. Curvas de adoção do transporte sustentável. (Gráfico: EMBARQ)

A revisão de literatura relevante e pesquisas na web nos ajudaram a qualificar o status destas cinco áreas de transporte. Aí vai uma prévia da nossa pesquisa:

Tabela 1. Adoção de estratégias “avoid” (evitar) e “shift (mudar). Tabela por EMBARQ. Fontes: 1. Singapura (1975), Londres (2003), Estocolmo (2007), Milão (2012), La Valetta (2012) e Gotemburgo (2013) 2. Zona Europeu das Emissões de Baixo 3. World Metro Banco de Dados 4. BRTdata.org 5. Shaheen, S., D. Sperling e C. Wagner. Carsharing na Europa e na América do Norte: Passado, Presente e Futuro. Transporte Quarterly, vol. 52, 1998, No. 3, pp 35-52. 6. O Mundo Consortium CarShare 7. Shaheen, Susan A., Stacey Guzman, e Hua Zhang. “Bikesharing na Europa, Américas e Ásia.” Transportation Research Registro: Journal of the Transportation Research Board 2.143,1 (2010): 159-167. 8. Meddin, Russell., E Paul DeMaio. O mapa do mundo Bikesharing. Metrobike LLC. 9. Wikepedia Lista de Carfree lugares 10-11. Rua National Coalition completa 12-13. Wikipedia Lista de smartcards 14-15. Google Maps

Muitos conceitos emergentes em transporte sustentável que mostram potencial para serem adotadas por um número maior de cidades em um futuro próximo estão em ascensão, incluindo a taxação de congestionamento e sistema de cotas de veículos. Alguns conceitos são submetidos a um crescimento de inflexão para se tornarem populares, como compartilhamento de bicicletas, BRT – Bus Rapid Transit e os bilhetes inteligentes. Ainda, outros que já são populares em economias industrializadas estão agora emergindo ou se inflexionando nas regiões desenvolvidas, como zonas de baixas emissões de gases, compartilhamento de carros e metrô.

O “novo normal” está a caminho. A maioria dos conceitos que vamos analisar ou que estão no processo de sair do discurso para o “ponto de inflexão”. Se esta mudança de paradigma  vai continuar neste momento é incerto, uma vez que isso requer políticas públicas e finanças generosas, bem como desenvolvimentos no setor privado. Fique de olho na série “Em Movimento” para descobrir novas informações e discussões sobre mobilidade urbana sustentável.

Fique ligado no próximo artigo da série “Em Movimento”. Leia também os primeiros posts da série:

Primeiro: Em Movimento: conduzindo o transporte urbano a uma nova direção

Segundo: Em Movimento: as tendências de mobilidade da nova geração

Traduzido por Luísa Zottis

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