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Em Movimento: conduzindo o transporte urbano a uma nova direção

Artigo publicado originalmente em inglês por Dario Hidalgo no TheCityFix, em 25/09/13. Traduzido pelo TheCityFixBrasil.

O congestionamento crônico é um dos muitos impactos negativos resultantes da confiança urbana em automóveis privados. (Foto: Mike Wegner)

Este é o post inaugural da nova série  exclusiva “Transporte Sustentável em Movimento”, do TheCityFix, blog produzido pela rede EMBARQ.

Desde que a produção de automóveis em massa teve início, há um século, o paradigma prevalecente sobre o transporte urbano tem sido a dominação dos carros privados. Antes, a sensação de liberdade e a velocidade eram um estímulo relacionado a grandes passos em direção à qualidade de vida e prosperidade econômica. Com o passar das décadas, no entanto, a confiança depositada no automóvel gerou cada vez mais impactos negativos, incluindo poluição do ar, congestionamentos crônicos, acidentes de trânsito, emissões de gases do efeito estufa e exclusão social. Estes desafios levaram a sociedade humana a um ponto de inflexão. A mobilidade das pessoas e de bens requer um sistema econômico mais eficiente, com mais inclusão social e mais amigável ambientalmente. Nesse cenário, a questão é – o quão rápido podemos alcançar esta transformação?

 “Em Movimento” é dedicada a analisar os esforços realizados para mudar o transporte urbano de carros para o transporte de pessoas. Nós propomos a consideração de um novo “normal”, em que carros fazem parte da mobilidade urbana, mas não como o principal elemento das nossas cidades. A série vai apresentar soluções emergentes, modernas e assertivas que lideram esta transição e acompanham o progresso em andamento nas cidades que já adotam medidas para aumentar a acessibilidade.

Iremos focar em estratégias que ajudam a evitar viagens desnecessárias, a encurtar a duração das viagens necessárias e incentivar modos mais sustentáveis de mobilidade, como caminhar, andar de bicicleta e usar transportes públicos. Ao apresentar os mais recentes dados e evidências, “Em Movimento” vai mostrar a crescente variedade de alternativas do transporte urbano. Por fim, vamos discutir o estabelecimento de políticas mais ousadas, permitindo a maior participação do setor privado e um maior apoio público para inovações em mobilidade urbana sustentável.

Este projeto foi parcialmente financiado por uma doação da Shell. O conteúdo de todas as postagens são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

Por que precisamos de uma mudança de paradigmas na mobilidade urbana

Os sistemas de transporte são vitais para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Infelizmente, a situação dos sistemas de transporte urbano atuais é que eles têm gerado impactos negativos para nossa sociedade. O setor de transportes emite 14,5% dos gases do efeito estufa (CO2) no mundo. Se continuarmos na direção crescente do consumo de carro particular motorizado, o consumo de energia e a emissão de gás carbônico advindos do transporte vai crescer 80% até 2050. Grande parte das emissões virão das cidades – onde mais da metade da população mundial vive atualmente.

Estima-se que a viagem particular motorizada (carros, motocicletas…) corresponderão por 90% do crescimento de emissões do transporte urbano, uma rápida expansão que contribuirá para agravar os problemas de poluição do ar e segurança viária nas cidades. Atualmente, mais de duas milhões de pessoas morrem prematuramente todos os anos em decorrência da poluição do ar, e mais de 1,2 milhões de pessoas são mortas anualmente em função de acidentes de trânsito. Além disso, a perda econômica em função do congestionamento crônico, da poluição do ar e da segurança viária é tão significativa que equivale a 10% do produto interno bruno norte-americano. Em face da urbanização e motorização sem precedentes, estes números chocantes quase tem sido aceitos como usuais.

Gráfico: EMBARQ

A fim de reverter as tendências insustentáveis descritas no gráfico acima, é preciso haver um esforço global consciente para evitar o uso desnecessário do carro; mudar para modos de transporte mais eficientes, como o transporte coletivo, bicicletas e trajetos a pé; e melhorar as tecnologias existentes.

Três termos para lembrar do quadro Evitar-Mudar-Melhorar

Melhorar as tecnologias veiculares já tem contribuído para aumentar a eficiência energética e reduzir emissões do setor de transportes. De toda forma, estes esforços ainda são insuficientes em relação a nossas necessidades de manter o crescimento da temperatura global abaixo de dois graus até 2050 – um cenário de mudança climática conhecido como o 2ºC Cenário, ou 2DS. A Agência Internacional de Energia também analisou um possível 4ºC Cenário (4DS) e 6ºC Cenário (6DS), cujos efeitos seriam ainda mais nocivos do que o 2DS.

As implicações assustadoras desses cenários de mudanças climáticas são a razão pela qual o setor de transporte precisa evitar, mudar e melhorar. Essas ações produzem benefícios, incluindo redução de fatalidades no trânsito, o aumento da atividade física, melhor qualidade do ar e opções de transporte mais justas, os quais melhoram a acessibilidade e qualidade de vida nas cidades. Além disso, faz sentido economicamente reduzir os gastos em combustível, veículos e infra-estrutura rodoviária – e o mais rápido possível. Pesquisa realizada pela Agência Internacional de Energia revela que a economia representará cerca de $ 50 trilhões – mais no 2° C Cenário de mudanças climáticas do que no 4° C Cenário.

Nesta série (este é apenas o primeiro post), vamos compartilhar tendências emergentes e positivas no setor de transportes e documentar as melhores práticas para evitar, mudar e melhorar, que, esperamos, estão movendo a mobilidade urbana em direção ao uma nova norma.

Comparando a mobilidade em economias emergentes e industrializadas

Implementar as estratégias evitar, mudar e melhorar nos países com economias emergentes requer uma mudança num cenário de desenvolvimento onde o carro prevalece, o que é padrão em economias industrializadas. Entre os fatores importantes que irão impactar o sucesso destas estratégias no mundo em desenvolvimento estão as preferências do consumidor, a cultura e o custo e qualidade das alternativas à posse do carro privado.

Também é crucial para que os países de economias industrializadas melhorem seu comportamento em transporte, com foco particular em modificar as tecnologias veiculares e os tipos de combustível. As escolhas que as cidades, tanto no mundo em desenvolvimento quanto desenvolvido, fazem em matéria de mobilidade e desenvolvimento urbano terão impactos profundos a longo prazo.

Fique ligado no próximo post da série “Em Movimento”, que vai analisar o comportamento e as preferências entre as gerações mais jovens.

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