As manifestações populares contra o preço do transporte não são novas. Já em 1880, no Rio de Janeiro, a Revolta do Vintém levou as pessoas às ruas em protesto contra o aumento das tarifas de bonde na capital fluminense. Recentemente, uma nova onda de manifestações em todo o país trouxe de volta a mesma reivindicação.
Mas e quem anda de carro, o que tem a ver com isso?
Em decorrência do custo e das condições do transporte coletivo, quem tem oportunidade muitas vezes acaba trocando o ônibus por carros ou motos. O problema é que, além de provocar o aumento dos congestionamentos, essa opção, quanto tomada por milhões de pessoas, gera consequências também para a saúde pública – desde os problemas causados pela poluição até o número de acidentes (veja aqui e aqui).
O gráfico abaixo demonstra a diminuição no número de usuários do transporte público em Salvador, em função da qualidade do serviço prestado e do valor das tarifas aliados às facilidades de acesso ao crédito para a compra de veículos.

Gráfico elaborado com base em dados disponíveis no Sistema de Informação Municipal de Salvador (Fonte: Rua de Gente)
Para reverter a situação, que pode ser observada em diversas cidades brasileiras, fazem-se necessárias ações por parte da sociedade e do poder público. Muitas cidades já reduziram o preço cobrado pelas passagens no transporte coletivo. E em São Paulo, por exemplo, a remuneração das empresas de ônibus passará a considerar também a satisfação do passageiro.
Qualquer melhoria empreendida no sistema de transporte coletivo tem efeito direto para os usuários, mas a manutenção do debate é necessária para que mais possa ser feito. Os ônibus desempenham uma função indispensável para a mobilidade das cidades, oferecendo vantagens de flexibilidade quanto a itinerários e adaptação às modificações das vias urbanas. O sistema BRT, que vem sendo gradativamente implantado no Brasil, é um exemplo de como o transporte coletivo pode avançar, garantindo velocidade e conforto aos passageiros.
Texto adaptado do blog Rua de Gente.
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