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Relatório da Organização Mundial da Saúde relaciona segurança viária com transportes de massa

Pequeno passageiro aproveitando o Transoeste, Rio de Janeiro, Brasil. (Foto: Mariana Gil)

Artigo publicado originalmente em inglês por , no blog TheCityFix, em 11/04/2013.

Em 14 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou seu mais recente Relatório de Status Global (Global Status Report), anteriormente publicado em 2009. O Relatório de Status Global é um documento oficial sobre segurança no trânsito. Na publicação de 2009 foram incluídas apenas duas referências sobre transporte de massa, inseridas na seção de segurança viária- a primeira sobre os riscos do transporte público pelo mundo e a segunda sobre a necessidade de priorizar a segurança de pedestres e ciclistas nas vias.

O relatório deste ano dedica uma seção completa sobre Políticas de Transportes no capítulo sobre a conexão entre transporte público e vias mais seguras. O fato de o relatório estar incluindo esta seção é um sinal animador sobre um reconhecimento crescente de que o transporte de massa e o planejamento urbano têm um impacto positivo na segurança do trânsito.

OMS reconhece cada vez mais o transporte de massa e o design urbano como soluções para a segurança no trânsito

A seção de Política de Transporte do Relatório de Status Global de 2013 observa que, tanto em países desenvolvidos quanto no mundo em desenvolvimento, o transporte público tem sido mostrado como um modo mais seguro do que os carros privados. “Sistemas de transporte público seguro”, o relatório explica, “são cada vez mais vistos como importantes para melhorar a segurança de mobilidade, particurlamente em áreas urbanas com congestionamento em crescimento” (Relatório de Status Global 2013, página 33). O relatório também observa um aumento em atividades físicas e na saúde global com o investimento e a promoção de transporte público seguro. Com intuito de tornar a mobilidade urbana mais segura e efetiva na redução do volume de tráfego, a OMS encoraja os governos a tornar os sistemas de transporte público seguros e acessíveis. Citando um caso de estudo em que eu fui coautora com o diretor da EMBARQ Índia, Madhav Pai, o relatório oferece o exemplo de Ahmedabad, Índia, e a implementação de um sistema de ônibus avançado no local (p. 34). As avaliações individuais de cada país detalhadas nos apêndices do relatório da OMS são construídas em cinco pilares, e a pesquisa da EMBARQ contribuiu para o pilar sobre Vias Mais Seguras e Mobilidade (Safer Roads and Mobility). O relatório também inclui um caso de estudo do plano de ação do Prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, para segurança de pedestres (p. 31). O Prefeito Bloomberg, o qual se pronunciou no lançamento do relatório deste ano, citou soluções de transporte sustentável, bem como sistemas de ônibus avançados, ampliação do espaço para pedestres, e defendeu as ciclovias, bem como provou exemplos do “que funciona”.

Como o transporte de massa amplia a segurança viária?

O transporte público oferece benefícios tanto a passageiros quanto a moradores nas ruas, nas bicicletas e a pé. “Transporte sustentável”, observa Dario Hidalgo em um recente post no TheCityFix, “na forma de facilidades protegidas para caminhar e andar de bicicleta, sistemas de transporte público bem desenhados e operados… podem contribuir para reduzir viagens em veículos motorizados individuais e fazer essas viagens de boa qualidade – menos perigosas – do que dirigindo um veículo privado para trabalhar, não somente para o motorista, mas para todos os usuários da via”. Quando passageiros optam pelo ônibus a seus próprios carros, eles reduzem dramaticamente as possibilidades de ferimentos ou mortes em acidentes de trânsito. O transporte sustentável também ajuda a atenuar os riscos de saúde em consequência da má qualidade do ar, devido às emissões dos automóveis. Os sistemas de ônibus avançados, bem como os de Ahmedabad, Índia, são desenvolvidos para criar segurança para os pedestres entrando e saindo das estações, e atravessando as ruas. As velocidades são reduzidas nestas áreas, e os motoristas de ônibus são treinados para reconhecer e reduzir riscos de acidentes.

Caso de Estudo: Ahmedabad, India

A cidade de Ahmedabad é projetada para crescer de 5,5 milhões de habitantes, hoje, para 13,2 milhões até 2040. Se o desenvolvimento da cidade continuar em um caminho de redução da densidade, expansão rápida, e crescimento do uso de automóveis, a EMBARQ estima que isto também acarretará um crescimento anual de fatalidades de trânsito de 240 para quase 7300 – totalizando um crescimento de 3000%. Por outro lado, se a cidade escolher um caminho mais sustentável, expandindo a densidade de corredores de trânsito e promovendo um transporte público de alta qualidade (reduzindo, assim, o crescimento de viagens em veículo individual) nós estimamos que isso possa reduzir fatalidades, em 2040, em mais de 5500 [1]. Existem benefícios adicionais, como a redução de emissões de CO2 para mais de 10 milhões de toneladas por ano. No contexto de uma urbanização continuada, e dada as tendências atuais de motorização, aumentos tanto de viagens em veículos individuais quanto de fatalidades de trânsito são inevitáveis em alguma extensão.

Em um nível mais detalhado, a implementação de um sistema de transporte público de alta qualidade, bem como o Bus Rapid Transit (BRT) Janmarg em Ahmedabad – pode significativamente melhorar a segurança pelas ruas onde os sistemas de ônibus avançados operam. De acordo com dados do Center for Environmental Planning and Technology in Ahmedabad, a implementação do BRT Janmarg resultou em uma redução de 55% nas fatalidades, 28% em ferimentos, e uma redução de 32% de todos os tipos de colisões.

O modo como as cidades são desenhadas e como a mobilidade é oferecida são fatores-chave para a segurança no trânsito. Quando cuidadosamente planejados para evitar ou minimizar riscos, o transporte sustentável e o desenvolvimento urbano podem salvar vidas através da melhoria da segurança no trânsito, da redução da poluição do ar e da promoção da atividade física.

Notas:

[1] EMBARQ analysis, based on Rayle, L. and Pai, M. (2010) Scenarios for Future Urbanization: Carbon Dioxide Emissions from Passenger Travel in Three Indian Cities, Transportation Research Record: 2193, pp. 124-131.

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