Desde o final de 2008, quando se iniciou a política de redução do IPI (Impostos sobre produtos industrializados) como forma de combater a crise financeira, mais de 17 milhões de veículos (entre automóveis e motocicletas) entraram em circulação nas cidades brasileiras. Isso representa um aumento de praticamente 34% da frota no país em um período de menos de quatro anos.
É claro que este crescimento não se deveu somente à redução dos impostos. Outros fatores também contribuíram para isso, como a melhora da condição econômica brasileira e o status associado à figura do automóvel, cultura que vem sendo mudada nos países europeus.
Este sonho pelo carro próprio, tão comum entre os brasileiros, deve-se, principalmente, a má qualidade do transporte público. Rótulo este que foi atribuído, sobretudo, pelas condições de (des)conforto dentro dos coletivos, quase sempre lotados independentemente do horário.
Contudo a utilização do transporte privado não é a solução. Embora garanta uma maior comodidade ao usuário, é impossível prover uma infraestrutura para que todos se locomovam dessa forma.
Apenas como exemplo: para que os 45 mil passageiros que utilizam o Transmilenio (BRT de Bogotá/Colômbia) durante a hora pico fossem transportados seriam necessárias, aproximadamente, 25 faixas para automóveis ou, em outras palavras, uma via com cerca de 80 metros de largura. Tudo isto é feito, atualmente, com apenas duas faixas segregadas para o BRT (sete metros).
Com essa crescente utilização do automóvel a malha viária das cidades vem colapsando. Por isso medidas para a melhoria da mobilidade urbana ganham cada vez mais destaque, principalmente no viés da sustentabilidade como comprovado durante a Rio+20.
Considerada uma das cidades ícones do automóvel, Los Angeles, há alguns anos realizou uma visita técnica à Curitiba a fim de conseguir assessoramento técnico para a implantação de um corredor BRT no município.
Ações como esta, para a melhor utilização do espaço viário, são extremamente importantes para que se garantam melhores condições de mobilidade através de um transporte público, ou não motorizado, de qualidade.
Com o intuito de incentivar isto, o Governo federal aprovou, no início deste ano, a lei da mobilidade urbana a qual estimula os municípios a realizaram um planejamento urbano a fim de que se consiga um desenvolvimento sustentável de forma ordenada. Medidas como a utilização do pedágio urbano e investimentos no transporte não motorizado são possibilidades apresentadas no documento que visa conduzir os tomadores de decisão a administrarem seus municípios rumo a uma cidade mais sustentável e amável e que, para Enrique Peñalosa, “[…] não é aquela em que até os pobres se utilizam de carros para se locomover. É aquela em que até os ricos se utilizam do transporte público para se locomover.”.
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