A EMBARQ Brasil, produtora deste blog, esteve com os arquitetos responsáveis pelas transformações de Medellín (Colômbia), na terça-feira (22/11), no Urbam – Centro de Estudos Urbanos e Ambientais, na Universidade EAFIT. O consultor Carlos Mario Rodríguez e Alejandro Echeverri, diretor do Centro, mostraram que o esforço conjunto da Academia e do governo foi um ponto-chave para o sucesso das mudanças na cidade.
Os acadêmicos estiveram à frente das construções dos Parques Bibliotecas, da implementação do teleférico e das integrações urbanísticas que as mudanças envolviam de 2004 a 2007, época em que Sergio Fajardo estava no governo municipal. “Dentro da universidade, tínhamos um plano de estudo de seis anos sobre a situação das regiões marginais. A partir daí, Fajardo nos convidou para trabalhar em conjunto com o governo e desenvolver projetos que solucionassem problemas dessas regiões. Todas as secretarias foram envolvidas”, explica Echeverri.
O arquiteto foi o gerente da Empresa de Desarrollo Urbano (EDU), responsável por todas as obras durante o mandato de Fajardo, quando a palavra de ordem era ‘integração’. “Não podemos pensar no bairro como uma ilha. Temos que pensar em integrá-lo com toda cidade e, para isso, nada melhor do que partir do sistema de transporte”, diz Echeverri explicando que o projeto do teleférico (Metrocable) nasceu a partir de uma intenção de incrementar o turismo na região.
Porém, com 30 a 35% dos habitantes de Medellín vivendo em zonas íngremes, a equipe técnica da prefeitura percebeu que também poderia utilizar o equipamento a serviço da população local e o transformou em um sistema de transporte público massivo para integrar parte da cidade que estava esquecida.
Hoje, o Metrocable tem três linhas, com mais duas em construção, que atendem a cerca de um milhão de passageiros por mês. No processo de implementação, a comunidade é envolvida ativamente, parte é contratada para trabalhar nas obras até a participação de eventos culturais promovidos pela operadora Metro – Empresa de Transporte Masivo del Valle de Aburrá.
Além das melhorias em transporte, foram construídas dez novas escolas públicas de alta qualidade dentro das comunidades mais pobres, e 140 instituições de ensino que já existiam receberam reformas. O planejamento é transformado em ação por haver metas precisas, como explica Echeverri: “Temos um Plano Urbanístico bem definido, o que ajuda as secretarias e o próprio prefeito a tomar decisões e, assim, sabem o que devem fazer”.
Bio 2030
O Urbam continua desenvolvendo pesquisas e publicações para orientar as ações dos governantes. O próximo projeto lançado será o Bio 2030 – Plano Diretor Metropolitano para o Valle de Aburrá, que pretende organizar a ocupação urbana pelos próximos 20 anos na região.
O documento servirá como guia de projetos práticos a serem realizados pelos prefeitos. Todas as orientações são baseadas em diretrizes sustentáveis de transporte, meio ambiente e ocupação.
Referência para o Morar Carioca
A experiência de Medellín enriquece os relatórios da equipe técnica da EMBARQ Brasil, que levará o conhecimento adquirido para o projeto Morar Carioca, no Rio de Janeiro. Com parceria firmada, a EMBARQ Brasil está auxiliando a Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro (SMH RJ) a definir diretrizes do importante processo de reurbanização das favelas até 2020.
O consultor Carlos Mario lembra que Medellín tem uma cultura periférica muito parecida com a do Rio, mas cada localidade tem especificidades que precisam ser respeitadas. “Não se pode implementar um teleférico, por exemplo, apenas porque em Medellín deu certo. Temos que ver as condições sociais de cada localidade e planejar”, explica.