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Bicicleta liberta mulheres no Zimbábue

Este post foi originalmente publicado por , no TheCityFix.com, em 17 de agosto de 2011.

Assim como no Zimbábue, em outras parte do mundo o transporte público superlotado deixa as mulheres vulneráveis. (Foto: GrahamKing)

Em um artigo, na semana passada, do Bike Blog do The Guardian, Jane Madembo relatou sua experiência como usuária de transporte público e bicicleta no Zimbábue. No artigo, Madembo explica que o transporte público era escasso nas áreas suburbanas com menos densidade de pessoas, de onde ela tinha que viajar para o trabalho, deixando ela e muitos outros dependentes de meios de transporte inadequados e superlotados.

“Em geral, o transporte era um pesadelo diário. Ônibus, públicos e privados (carros licenciados ou microônibus conhecidos localmente como táxis de emergência), estavam sempre lotados de gente”, explica Madembo. “As pessoas ficavam à beira das estradas à espera de qualquer forma de transporte para levá-los para o trabalho.”

Mas as preocupações para Madembo e outras passageiras mulheres não se limitaram à falta de opção de transporte. A informalidade e a superlotação destes transportes deixavam as mulheres em condição de vulnerabilidade, passando por situações constrangedoras com atitudes indesejadas de alguns homens.

“Sentei-me espremida no meu lugar enquanto era interrogada sobre minha vida pessoal: se eu era casada? Não. Então, um sorriso, seguido por ‘você mora sozinha?’ Sim, e então um sorriso ainda maior. ‘Posso ir buscá-la depois do trabalho?’, e assim por diante. Às vezes uma mão saía do volante e encontrava o caminho para a minha coxa. Algumas vezes eu gritei para o motorista para me deixar sair. Outras vezes eu fingi que tinha chegado na minha parada. […] Alguns homens pegaram desvios para prolongar o tempo comigo – sua presa – com a finalidade de completar a sedução. Para algumas mulheres estas viagens terminam em estupro. Felizmente, isso nunca aconteceu comigo. Mas nenhuma mulher estava segura nas ruas do Zimbábue.”

Lidando com a dura realidade do sistema de transporte informal no Zimbábue, Madembo foi aconselhada a adquirir táticas pessoais para garantir sua segurança, como examinar os rostos dos motoristas e passageiros. Mas tudo mudou para Madembo quando ela viu uma mulher sueca andando de bicicleta por uma rua local.

“Era Katrina, uma mulher sueca cujo marido trabalhava na Universidade do Zimbábue”, explica Madembo. “Quando Katrina e seu marido foram embora do país, ela me deixou de presente sua linda bicicleta branca. Eu fiquei tão animada que fui pedalando para o trabalho, mesmo ainda estando no que muitos chamariam de estágio de aprendizado. Durante as primeiras semanas, eu fiquei longe das grandes avenidas e ruas principais, ainda bem que a calçada de pedestres era larga o suficiente na maior parte do caminho.”

O novo meio de transporte de Madembo chamou muita atenção das outras pessoas, ao ponto de motoristas diminuírem a velocidade, baixarem o vidro para perguntar por que ela estava andando de bicicleta e ainda oferecer carona. Mas tanta atenção não incomodou Madembo. “Eu não era mais uma refém da religião, da tradição ou dos homens. Eu estava livre. Na minha bicicleta eu senti que tinha meu espaço”, explica ela.

Leia o artigo completo de Jane Madembo aqui.

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