Quando o motorista passa da conta e arrisca a sua vida e de outras pessoas, a fiscalização deve entrar em ação. No entanto, na cidade de São Paulo, as ações que colocam os pedestres em risco não estão recebendo a atenção necessária por parte do policiamento, como informou recente reportagem do Jornal da Tarde.
Em média, apenas três veículos são multados por dia na capital paulista por infrações que comprometem a segurança das pessoas que estão a pé, de acordo com dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Este número está longe da realidade da maior metrópole da América Latina, onde as pessoas precisam se arriscar para conseguir atravessar a rua, mesmo estando na faixa de segurança.
O número é ainda menor quando comparado, por exemplo, à média diária de 5,7 mil veículos multados por descumprir o rodízio ou as 2,6 mil autuações a cada dia por estacionamento em local proibido.
As infrações que enxergamos pelas ruas, e que raramente são registradas, são sempre as mesmas: motoristas não dão preferência para as pessoas na faixa e ainda por cima estacionam ou param em cima dela; não esperam que os pedestres terminem a travessia para arrancar e nem dão prioridade para as pessoas a pé nas conversões.
Muitas destas atitudes irresponsáveis acabam terminando mal. No ano passado, 630 pessoas perderam a vida por atropelamento em São Paulo, fora os acidentes que deixaram sequelas para vida toda. Em reportagem do Jornal da Tarde, a CET prometeu intensificar, a partir do dia 8 de agosto, o controle dessas infrações.
A fiscalização é uma saída para coibir as más condutas e deve ser realizada de forma intensa, mas a responsabilidade no trânsito é de todos. Iniciativas globais como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, da ONU, estão apoiando ações governamentais e privadas para difundir a importância de respeito mútuo nas ruas. A ideia é criar uma rede mundial de conscientização para salvar milhões de vidas e, quem sabe, um dia não depender tanto da fiscalização para que as pessoas sejam respeitadas.